Em live, especialistas esclarecem dúvidas sobre saneantes
Com a participação ativa do público, o CRQ-IV realizou na tarde de ontem, 20, a live Indústria de Saneantes: dúvidas frequentes respondidas por especialistas. O encontro contou com a participação de sete membros da Comissão Técnica de Saneantes, entre eles Miguel Antônio Sinkunas, responsável pela mediação do evento.
"A comissão de saneantes visa o acompanhamento de toda a legislação e auxilio técnico aos Químicos que atuam na área. Procuramos sempre nos manter atualizados sobre as mudanças regulatórias. Sob o ponto de vista técnico, nos últimos anos tivemos um avanço enorme com a criação do curso ?Formulação de Saneantes?, que fez grande sucesso. A partir daí, notamos muitas dúvidas que se apresentavam e elas eram muito heterogêneas porque temos pessoas que estão iniciando [na área], outras que estão se reciclando", disse Sinkunas, ao dar início à live.
A primeira pergunta respondida pelos especialistas foi “como definir se um produto saneante deve ser isento de registro ou registrado?”. Bruno Gomes explicou que para ser isento de registro, o produto deve ter ph entre 2 e 11,5, não deve conter corrosividade, ação microbiana ou desinfestante, e não deve conter ácidos inorgânicos (nítrico, sulfúrico, fluorídrico). Em geral, produtos fora desses parâmetros devem ser registrados. O processo de isenção de registro é eletrônico e pode ser feito em até um dia, enquanto o registro de um produto leva em torno de 90 dias.
Sobre a existência de uma legislação específica para o descarte de saneantes, Sônia Manaf esclareceu que o descarte de resíduos líquidos deve atender a NBR 2004, enquanto o descarte de resíduos sólidos, como embalagens, deve estar de acordo com Política Nacional de Resíduos Sólidos, que prevê o Plano de Logística Reversa.
A especialista também deu dicas sobre como uma empresa deve se preparar adequadamente para uma fiscalização. Ela lembrou que as indústrias químicas costumam passar por fiscalizações periódicas e de rotina feitas, por exemplo, pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, Polícia Federal, Polícia Civil, pelo próprio CRQ-IV e outros órgãos. “Nesse processo, o mais importante é conhecer bem a legislação e o seu negócio”, disse. Segundo ela, também é importante ter um sistema de gestão para controlar e apresentar os documentos exigidos durante o processo fiscalizatório, além de treinar os funcionários para atender e prestar esclarecimentos ao agente fiscal de forma adequada.
“Produtos desinfetantes de uso hospitalar podem ser utilizados em ambientes administrativos ou domésticos?”. Assesio Fachini Junior esclareceu: “Existem formulados de desinfetante para uso hospitalar que contém na sua composição substâncias que se usadas sem controle e sem os devidos de EPIs, podem trazer problemas para a saúde do usuário. Por isso, é um produto de venda restrita, para que seja utilizado por profissionais que tenham sido capacitados para isso. Se é um produto hospitalar, não é um produto de venda livre”.
Questionado sobre como escolher o tipo de tensoativo a ser utilizado, Jefferson Santos disse que é preciso pensar sobre qual o objetivo do produto, o público e a utilização. “É possível explorar vários caminhos para desenvolver um produto”, observou. Em geral, os produtos aniônicos têm ação mais efetiva para limpezas intensas, entretanto eles podem agredir superfícies mais delicadas. Os catiônicos não têm o mesmo desempenho na remoção de sujidades, mas têm facilidade para atuar em certos tipos de superfícies, como tecidos. Os não iônicos são mais resistentes e normalmente atuam com grande eficiência mesmo em concentrações muito baixas, mas são mais caros. Portanto, é preciso ponderar a performance e o custo do produto, e fazer testes para comparar diferentes formulações.
O especialista também falou sobre a importância dos aspectos de cor, textura e perfume. "São aspectos que chamamos de cosméticos, porque não são funcionais, mas que são importantes para fechar as impressões que o consumidor tem do produto", disse. Produtos para o banheiro, por exemplo, requerem cheiros mais agressivos, diferente daqueles mais suaves voltados para o piso de uma sala de estar ou daqueles destinados à cozinha, onde se espera que o cheiro do produto não interfira no cheiro dos alimentos. Produtos para limpeza pesada se tornam mais atrativos quando apresentam cores fortes, diferente dos destinados para limpezas delicadas.
Ainda sobre os aspectos cosméticos, João Bosco Cabral falou sobre o uso de fragrâncias e explicou que ela deve estar alinhada com a cor e a proposta de valor do produto, e quais sensações ele pretende criar. Para que não haja mudanças no cheiro do produto final, é importante pensar sobre a interação da fragrância com as matérias-primas e com a própria embalagem. Ele lembrou ainda que a fragrância também pode afetar a estabilidade das formulações e por isso é importante fazer testes.
Voltando ao tema dos tensoativos, Bosco explicou aos participantes que as substâncias sustentáveis nem sempre têm o mesmo grau de eficiência que as derivadas de petróleo, portanto não é possível substituí-los em mesma quantidade, é preciso fazer testes para ajustar a nova formulação.
Outra dúvida levantada foi “quem está obrigado a informar o mapa de controle de produtos químicos na Polícia Federal?”. A pergunta foi respondida por Ana Castaldi, que explicou que esse documento contém informações referentes às atividades mensais realizadas com o produto químico controlado. São obrigados a entregar o mapa qualquer pessoa física ou jurídica que exerça atividade com esses produtos, e isso deve ser feito até o 15º dia útil de cada mês. A não entrega o documento caracteriza infração administrativa.
Esses e vários outros questionamentos podem ser conferidos na íntegra, já que a gravação do evento está disponível no canal do Conselho no YouTube.
Publicado em 21/10/2022
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