Cientistas estudam microrganismos para produção de biomateriais
Jornal da USP |
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Da esq. para a dir.: profa. Elen Aquino Perpetuo; pós-doutorando Bruno Karolski; prof. Cláudio Augusto Oller do Nascimento; doutoranda Letícia Oliveira Bispo Cardoso; e a pós-doutoranda Louise Hase Gracioso
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Microalgas e bactérias com potencial para o desenvolvimento de bioprodutos são objetos de pesquisas desenvolvidas no Fapesp Shell Research Centre for Gas Innovation (RCGI). Os estudos em curso são conduzidos por uma equipe multidisciplinar de pesquisadores da USP e da Unifesp, sob a coordenação da bióloga e professora Elen Aquino Perpetuo.
Amostras de microalgas foram coletadas em Cubatão e no Guarujá para verificação do potencial de desenvolvimento de bioprodutos a partir de gás carbônico e metano, provenientes do gás natural. Das 24 amostras, quatro produziram lipídios e biopolímeros. Já as bactérias estão sendo selecionadas para produzirem especificamente, a partir de metanol, um biopolímero de alto valor agregado, o polihidroxibutirato (PHB).
“A pesquisa com as bactérias está um passo à frente, porque já sabemos quais são as mais promissoras na produção de PHB. No caso das microalgas, ainda estamos identificando aquelas com maior potencial produtivo para dar o próximo passo, que é a otimização dessa produção”, resume Bruno Karolski, biólogo e aluno do pós-doutorado em Engenharia Química da Poli-USP. Segundo ele, os lipídios produzidos pelas microalgas, ácidos graxos de cadeia longa e com alto potencial energético, são úteis, por exemplo, para a fabricação de biodiesel.
O pesquisador lembra que o RCGI tem projetos que visam produzir metanol a partir de metano e dióxido de carbono. “Ou seja: estamos tentando usar gases de efeito estufa (GEEs) para formar metanol e, a partir dele, produzir um plástico biodegradável. Assim, estaremos mitigando GEEs e, ao mesmo tempo, obtendo bioprodutos de alto valor agregado”, destaca.
Wikimedia Commons |
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Bactérias Chlamydomonas sp (à esquerda) e Methylobacterium extorquens (à direita) |
PHB - De acordo com Letícia Oliveira Bispo Cardoso, química e doutoranda no Programa de Pós-Graduação Interunidades em Biotecnologia da USP, há relatos de produção eficaz de PHB por microalgas, porém apenas quando modificadas geneticamente. “Em nosso caso, estamos explorando a diversidade de microalgas de um ambiente da Baixada Santista, visando encontrar as capazes de produzir PHB e também grandes concentrações de lipídios”, esclarece ela.
Os cientistas conseguiram extrair PHB produzido a partir de metanol de cinco das 180 cepas de bactérias com que trabalharam: Methylobacterium extorquens, Methylobacterium rhodesianum, Methylopila oligotropha, Methylobacterium radiotolerans e Methylobacterium populi. Letícia explica que a Methylobacterium extorquens foi a que deu melhores resultados até agora: utilizando-se metanol como substrato, as bactérias chegaram a produzir 40% de PHB em 72 horas. Ela salienta que ainda não se produz muito PHB a partir de metanol, pois a fonte de carbono mais comum é o açúcar, mesmo este tendo um custo mais elevado.
O grupo de pesquisa conta ainda com a bióloga e aluna de pós-doutorado em Engenharia Química na Poli, Louise Hase Gracioso, e com Bruna Bacaro Borrego, que está se graduando em Engenharia Ambiental na Unifesp. O professor Cláudio Augusto Oller do Nascimento também integra as equipes dos 17 e 18 do RCGI. Mais informações podem ser obtidas no site www.rcgi.poli.usp.br.
Com informações do Jornal da USP
Publicado em 23/01/2019
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