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Notícia - Conselho Regional de Química - IV Região

Notícia 

 


Anvisa: não há evidências sobre eficácia do ozônio contra o coronavírus



Anvisa

No início deste mês, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou a Nota Técnica nº 108/2020, que traz informações sobre o uso de ozônio como produto desinfetante. De acordo com o documento, uma revisão de dados de estudos nacionais e internacionais concluiu que não foram apresentadas evidências científicas relacionadas à eficácia desinfetante do ozônio contra o vírus Sars-CoV-2 (o novo coronavírus).


Além disso, a agência afirma que, embora tenha ação desinfetante na água de consumo humano e seja utilizado com esta finalidade, principalmente na Europa, o uso do ozônio tem potencial para causar danos agudos e crônicos em humanos, caracterizados por lesões na pele, nas vias respiratórias e nos olhos, além de reações alérgicas.

“A ozonização é uma tecnologia mais complexa que as demais utilizadas com fins de desinfecção. O ozônio é muito reativo e corrosivo, portanto, requer material resistente à corrosão, como aço inoxidável. Ademais, o composto é extremamente irritante e tóxico, de forma que os gases devem ser destruídos para impedir a exposição do trabalhador”, diz trecho da nota.


O Químico Industrial e doutor em Vigilância Sanitária Ubiracir Fernandes Lima Filho, colaborador das comissões técnicas de Química Farmacêutica e de Saneantes do CRQ-IV, explica que o ozônio é um reagente químico enérgico que forma radicais livres em meio aquoso e age muito rápido e com matéria orgânica.

“O princípio de desinfecção do ozônio é a oxidação de parede da cápsula externa. Simplificando, funciona assim: após danificar a estrutura, o material intracapsular sai e o extracapsular entra. E assim se inativa o vírus. Só que o ozônio não escolhe a matéria orgânica que vai oxidar e assim pode agir em mucosas ou na superfície de pele. Mesmo que seja em baixa concentração, se usado por várias vezes repetidas, pode haver efeito adverso”, alerta.

Lima Filho ressalta que o papel dos órgãos competentes é buscar eficácia e comprovar a segurança do usuário. “É necessário que se façam os estudos e que estes sejam aprovados antes de se afirmar que os equipamentos e reagentes químicos usados são eficazes e seguros nos modos de aplicação e exposição desejados”, finaliza.

 

HISTÓRICO - Com o advento da pandemia do novo coronavírus, surgiram equipamentos e dispositivos em várias cidades do País para “descontaminar” superfícies e até mesmo pessoas. Um deles são os túneis que preconizam a desinfecção de pessoas usando ozônio. Desde que os primeiros túneis e cabines de desinfecção de pessoas foram instalados, o Sistema CFQ/CRQs (Conselho Federal de Química e Conselhos Regionais) fez o alerta, em conjunto com a Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Higiene, Limpeza e Saneantes de Uso Doméstico e de Uso Profissional (Abipla): não há comprovação científica de sua eficácia e seu uso pode causar danos à saúde.

 

Confira abaixo a relação de matérias já publicadas sobre as cabines de desinfecção:

 

 

Com informações do Conselho Federal de Química

Publicado em 17/11/2020




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