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Notícia - Conselho Regional de Química - IV Região

Notícia 

 


Anvisa confirma mais um parecer do CRQ-IV
 

Divulgação

 

Tenda instalada em S. Sebastião usa o digluconato de clorexidina

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou a Nota Técnica nº 70/2020, confirmando que ainda não foram criadas cabines, tendas ou túneis para “desinfecção de pessoas" com eficácia comprovada na eliminação do novo coronavírus. O documento foi elaborado com base em Parecer Técnico produzido pelas comissões técnicas de Saneantes (CTSan) e de Química Farmacêutica (CTFar) do CRQ-IV, que fizeram um estudo sobre os impactos do Projeto de Lei nº 01.00342/2020, em tramitação na Câmara Municipal de São Paulo.

De autoria dos vereadores Camilo Cristófaro (PSB) e Rodrigo Goulart (PSD), a proposta institui a “Política de Sanitização em São Paulo” que, entre outros pontos, obriga os responsáveis por espaços como parques, terminais de transportes públicos, shoppings, supermercados e outros locais de grande circulação a realizarem a sanitização desses ambientes com o uso de um produto com o princípio ativo PHMB (biguanida polimérica) e a instalarem nesses lugares o que os autores chamam de “cabines de sanitização”. Estas supostamente serviriam para eliminar a carga viral, inclusive de Covid-19, que as pessoas carregam na pele e roupas. O processo usaria o digluconato de clorexidina a 0,2%, produto que deverá ser registrado na Anvisa como cosmético. O projeto também propõe que animais domésticos sejam “desinfectados” com a mesma substância, mas devendo esta ser registrada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

A iniciativa se assemelha bastante às de outras prefeituras que, mesmo sem terem aprovado projetos nesse sentido, desde abril instalaram, em vários pontos do País, cabines ou túneis com a mesma finalidade, mas que usavam o hipoclorito de sódio, ozônio  ou quaternário de amônio como agentes desinfectantes. Em notas técnicas anteriores (38 e 51), a Anvisa já havia se manifestado sobre a falta de evidências de tais dispositivos, confirmando estudos elaborados pelo CRQ-IVCabines com o uso do digluconato de clorexidina a 0,2%, fornecidas por uma indústria farmacêutica, foram instaladas, na capital paulista,  em dez estações de trêm e 17 do Metrô, no Terminal Rodoviário do Tietê e também na Arena Corinthians.. Em São Sebastião, no litoral paulista, foram instaladas duas unidades em frente às UPAs do Centro e Boiçucanga. Já no Rio de Janeiro, o aparato foi colocado na entrada da mansão de uma famosa funkeira.

 

A Anvisa novamente salientou que não existem saneantes aprovados para pulverização ou aspersão diretamente em pessoas, que correm o risco de terem a saúde afetada ao serem expostas a produtos químicos destinados exclusivamente ao uso em superfícies inanimadas. Do mesmo modo, o digluconato de clorexidina a 0,2% especificado no projeto dos vereadores "não tem indicação para esse objetivo. Apesar de um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de Hong Kong (HKU), publicado no periódico The Lancet Microbe em abril deste ano, ter demonstrado que uma solução contendo 0,05% de clorexidina foi eficaz contra o vírus SARS-CoV-2, este não foi realizado nas condições de uso de um produto cosmético, ou seja, na pele humana", explica a nota da Anvisa.

 

“Em nosso entendimento, os aspectos relacionados de forma muito lúcida pelos membros das Comissões [CTsan e CTFar], se observados pela Câmara Municipal de São Paulo, tornarão a proposta mais alinhada às melhores práticas de combate à Covid-19, à luz de todo o aprendizado até o momento em âmbito mundial”, completa a Nota Técnica.

 

Ação - Além da Anvisa, que foi acionada por intermédio do Conselho Federal de Química, o CRQ-IV já havia enviado ofícios alertando sobre a ineficácia da proposta contida no projeto de Cristófaro e Goulart aos próprios autores e a todos os vereadores paulistanos. O documento também foi remetido ao Ministério Público Estadual que, neste mês, por meio da Promotoria de Boituva, obteve liminar determinando que a prefeitura local retirasse o “túnel de desinfecção” instalado na rodoviária da cidade em abril.

Em todos os comunicados, o Conselho chamou a atenção das autoridades sobre a falsa sensação de segurança que essas estruturas podem causar na população, principalmente na parcela mais humilde, levando-a a relaxar nos procedimentos básicos e já consagrados para reduzir o risco de contaminação por doenças infectocontagiosas, como usar máscaras, higienizar correta e frequentemente as mãos com água e sabão (ou álcool gel) e evitar aglomerações.

 

 

Publicado em 25/06/2020

 


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