Indústria não acompanha aumento de demanda gerado pela Covid-19
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A falta de competitividade frente à concorrência externa, causada principalmente pelos altos custos com logística, tributos e energia, foram determinantes para que a indústria nacional não se beneficiasse do aumento da demanda por produtos químicos durante o segundo trimestre deste ano. No período em que se deu o auge da pandemia de Covid-19, cresceu a procura por insumos usados no combate e tratamento da doença, como itens para tratamento de água, limpeza em geral, sanitização, gases medicinais, medicamentos etc.
Segundo a mais nova edição do Relatório de Acompanhamento Conjuntural, divulgada nesta terça-feira (04/08) pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), a produção de químicos de uso industrial subiu 11,26%, as vendas internas cresceram 19,53% e o consumo aparente nacional (CAN), que mede o resultado da soma da produção mais importação, excetuando-se as exportações, teve alta de 10,8%, em junho em relação a maio.
A comparação dos dados acumulados do segundo trimestre deste ano com os de igual período de 2019 indica que o CAN cresceu 9,6%. Contudo, observou-se um aumento de 32% nas importações entre abril, maio e junho em relação ao mesmo trimestre de 2019. Para a mesma base de comparação, a produção local recuou 15,10%, enquanto as vendas de produtos nacionais para o mercado local caíram 23,55%.
“Isso deixa evidente a falta de competitividade da produção nacional ao mesmo tempo em que mostra a essencialidade dos produtos químicos, presentes em praticamente todos os demais setores da economia", afirmou Fátima Giovanna Coviello Ferreira, diretora de Economia e Estatística da Abiquim.
Segundo ela, a produção local não tem conseguido acompanhar os ganhos relativos ao aumento da demanda gerada pela Covid-19, perdendo espaço para os produtos importados por causa da elevação dos custos médios de produção no mercado interno, especialmente pela baixa ocupação das instalações, associada aos custos da energia e das matérias-primas. Também estão contribuindo para esse cenário as deficiências de logísticas e a alta carga tributária.
Os dados acumulados do primeiro semestre, conforme o estudo, mostram as dificuldades que a indústria química nacional vem enfrentando. Na comparação com igual período de 2019, o índice de produção recuou 7,74% e o de vendas internas declinou 11,59. Já o CAN, também na mesma comparação e por conta do acréscimo de 22,2% nas importações, subiu 6,8%.
O índice médio de utilização da capacidade instalada no primeiro semestre do ano foi de 69%, ficando aquém da média de 71% verificada no mesmo intervalo de 2019. Nos 12 meses encerrados em junho, as importações sustentaram 46% da demanda do mercado doméstico, mantendo o maior nível histórico observado pela Abiquim em mais de 30 anos de análise.
Com informações da Abiquim
Publicado em 04/08/2020
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