IX Fórum de Recursos Hídricos tratou sobre a despoluição de águas
Em comemoração ao Dia Mundial da Água (22/03), o CRQ-IV promoveu hoje (23) mais uma edição do Fórum de Recursos Hídricos, evento que há nove anos integra o calendário da instituição. A nona edição recebeu o apoio da seção paulista da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes-SP), por meio de sua Câmara Técnica de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, e pela primeira vez foi realizada de forma virtual, por meio da plataforma Zoom, em razão da Covid-19.
Cerca de 70 profissionais e estudantes acompanharam a transmissão ao vivo, que discutiu questões relacionadas à área de saneamento, em especial os processos e tecnologias aplicadas ao tratamento e despoluição de águas, tema central deste ano.
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Samy Menasce, da Brasil Ozônio, falou sobre as soluções tecnológicas com uso do ozônio
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Durante a abertura, a Engenheira Química Andrea Mariano, gerente de Fiscalização do CRQ-IV, falou sobre o significado do Fórum e reforçou o papel do Conselho e das suas Comissões Técnicas, entre elas a Comissão Técnica de Meio Ambiente (CTMA), que esteve à frente da realização do evento. “O principal objetivo da Comissão é trazer temas pertinentes à área, agregando conhecimento por meio de eventos, cursos de aprimoramento profissional, elaboração de material técnico, como a Cartilha do Meio Ambiente e o livreto Aspectos Jurídicos e Técnicos da Política de Resíduos Sólidos, materiais que estão disponíveis para download gratuito no site do CRQ-IV”, disse.
Mediado por Wagner Pedroso Miranda, membro da CTMA, o Fórum teve início com a palestra do Engenheiro Químico José Antonio Monteiro Ferreira, especialista em Engenharia Sanitária e Ambiental, que apresentou um panorama sobre os sistemas de tratamento de efluentes e a evolução dos parâmetros de controle de qualidade da água ao longo dos anos. Ferreira exemplificou com imagens o que ocorre quando há descarga de poluente nos rios e apontou, como medidas necessárias para preservação das águas, o tratamento de efluentes sanitários e industriais, a instalação de tanques de contenção capazes de reter os resíduos agrícolas e o descarte correto do lixo por parte da população, evitando a chamada poluição difusa.
Na sequência, o Engenheiro Eletrônico Samy Menasce falou sobre as diversas soluções tecnológicas com uso do ozônio e apresentou alguns projetos da Brasil Ozônio, empresa presidida por ele. “O ozônio não é um milagre, mas é um elemento muito interessante para ser adicionado ao que existe hoje em termos de tratamento de água. Desde que dimensionado corretamente, ele é imbatível em custo e eficiência, além da vantagem de ser um produto natural”, ressaltou Menasce. O ozônio em alta concentração é reconhecido como o germicida mais forte que existe, sendo três vezes mais potente e rápido que o cloro, disse. Conforme destacou o palestrante, o uso do elemento com a finalidade de tratar a água é extremamente positivo, uma vez que ele se transforma em oxigênio e não gera subprodutos durante o processo.
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Fabio Carvalho, da DuPont, falou sobre o uso das membranas de filtração |
Tratamento de águas em São Paulo – A segunda parte do Fórum teve como foco o tratamento de efluentes no estado de São Paulo. Para contribuir com o tema, o Bacharel em Química Fabio Pereira de Carvalho, especialista em Suporte Técnico e Desenvolvimento da DuPont Water & Process Solutions (DWS), falou sobre o uso das membranas de filtração, técnica que é utilizada pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) em quatro plantas de tratamento: Indaiá e São Lourenço, ambas em Bertioga; Alto da Boa Vista, localizada na capital, considerada a maior da América Latina a fazer uso da tecnologia; e Rio Grande, também na capital paulista. Entre os benefícios da aplicação das membranas, Fabio destacou a capacidade de remoção completa de algas, cianobactérias e patógenos; a sua rápida implantação; aplicabilidade em diversos tipos de água; flexibilidade operacional; e a competitividade frente aos sistemas convencionais, incluindo a possibilidade da redução de custos. “As membranas não servem para todos os casos, mas em muitos deles, acopladas a outras tecnologias, elas podem trazer vários benefícios. Como foi dito, essa não é mais uma realidade apenas industrial, de países de primeiro mundo, aqui no Brasil já se utiliza e cada vez mais eu vejo surgirem projetos para os próximos anos, buscando uma aplicação ainda melhor das tecnologias”, concluiu.
Para finalizar o ciclo de palestras, o também Bacharel em Química José Eduardo Bevilacqua, Assistente da Diretoria de Avaliação de Impacto Ambiental da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), falou sobre o projeto de despoluição do Rio Pinheiros. O palestrante descreveu as atribuições da Cetesb e os desafios vinculados ao projeto, salientando a ação de monitoramento que vem sendo realizada – a Cetesb está monitorando 80% de toda a contribuição hídrica da bacia hidrográfica do Rio Pinheiros. Bevilacqua apresentou ainda os resultados observados ao longo dos últimos três anos (2017 a 2020), que demostram um aumento da qualidade da água em consonância com a intensificação das ações de saneamento, em especial na região superior do Rio Pinheiros.
A programação do IX Fórum de Recursos Hídricos foi concluída com uma rodada de perguntas aos palestrantes.
Publicado em 23/03/2021
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