Petróleo: seminário abordou as possibilidade de atuação na área
Em alusão ao Dia Mundial do Petróleo (29 de setembro), a Comissão Técnica de Energia do CRQ-IV realizou na quarta-feira, dia 28, uma live que discutiu a importância do petróleo, os processos de extração, refino e a atuação do profissional da Química no setor. O encontro foi mediado pelo Bacharel em Química João Paulo Lacerda, pesquisador assistente no Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo.
O Engenheiro Químico e Gerente do Centro de Tecnologia das Radiações do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, Carlos Zeituni, que já atuou como inspetor de Combustíveis Nucleares nas Usinas de Angra e em usinas francesas e belgas, iniciou o evento definindo o petróleo como um líquido escuro e viscoso, insolúvel em água e menos denso que ela, formado basicamente por hidrocarbonetos, com potencial inflamável e não renovável, já que as suas reservas têm entre 10 e 500 milhões de anos.
Um dos questionamentos levantados por ele foi “até quando valerá a pena manter a extração de petróleo?”, uma vez que o seu custo é muito alto e aumenta cada vez mais, mesmo com o avanço das tecnologias, já que as reservas mais fáceis de serem extraídas vão se esgotando. Ele lembrou ainda que a Petrobrás é uma das poucas empresas no mundo que extraem petróleo em águas profundas, o tipo de extração mais desafiador.
Entre as várias teorias sobre o surgimento do petróleo, o especialista disse que uma das mais aceitas afirma que a matéria resultante da decomposição de restos de seres vivos, animais e vegetais marinhos ao longo de milhões de anos se depositou no fundo de lagos e mares e foi soterrada por sedimentos. Os materiais que não conseguiram migrar e permaneceram soterrados por camadas impermeáveis foram se transmutando, o que resultou no petróleo.
Zeituni falou também sobre as etapas de exploração, a busca pelas jazidas, produção e refino do óleo. Só a etapa inicial – que consiste na realização de estudos geológicos para avaliar as bacias sedimentares, até a perfuração de poços de avaliação para definir se a sua extração é viável e vantajosa – pode levar até oito anos.
Ele lembrou ainda que grande parte do óleo extraído não pode ser usado na produção de combustível, “porque são moléculas muito grandes e o custo para quebrá-la totalmente é muito alto”. “Hoje, com o avanço dos processos industriais, nós estamos melhorando o uso e a qualidade dos materiais petroquímicos. E o valor agregado desses produtos acaba sendo mais alto que o do próprio combustível”, disse.
Convidado para falar sobre as possibilidades de atuação no setor, o Químico Claudio Ricardo Modenesi disse que as atividades podem abranger processos como a identificação do tipo e da qualidade do petróleo, análise das rochas de formação, análise de impurezas, atuação em unidades de termelétricas e refinarias.
Outra opção são os Centros de Pesquisa, que desenvolvem estudos focados na melhoria da qualidade de processos, redução de concentração de enxofre e nitrogênio, melhoria na qualidade do combustível, entre outros.
Os profissionais ainda podem atuar nas unidades de tratamento de gás, realizando o acompanhamento do processo de fracionamento dos gases em metano, etano, butano e propano, entre outros, que são matérias primas para o polietileno, GLP e gasolina natural.
Para finalizar, o Engenheiro Químico Valdir Viana Nunes fez um apanhado geral de alguns tópicos explorados pelos demais palestrantes e explicou como se dá o processo de perfuração de um poço de petróleo, os tipos de poços, equipamentos e recursos utilizados. Ele é especialista em Engenharia de Petróleo e aposentado pela Petrobras.
Os três especialistas acreditam que ainda haverá muitas as oportunidades de trabalho na área pelos próximos anos. Para Zeituni, a tendência é que a humanidade reduza o uso do petróleo como combustível e que o óleo será majoritariamente utilizado na petroquímica. Nesses novos processos, segundo ele, o papel do Químico passará a ser muito maior.
Clique aqui para assistir a live completa.
Publicado em 30/09/2022
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