Rotulagem e segurança de alimentos são discutidos em simpósio
Aproximadamente 80 pessoas compareceram ao evento, realizado no auditório do Conselho
A Comissão de Alimentos e Bebidas do CRQ-IV promoveu nesta quarta-feira a primeira edição do Simpósio de Rotulagem de Alimentos. O evento teve o apoio do Sindicato dos Químicos, Químicos Industriais e Engenheiros Químicos do Estado de São Paulo (Sinquisp), da consultoria Food Design e da Associação Brasileira para a Proteção dos Alimentos (Abrapa).
Pamela Rossi, da Alimentar Consultoria
Cerca de 80 pessoas, entre profissionais, representantes de cursos, professores e estudantes, formaram o público presente. A programação foi dividida em dois blocos temáticos: no primeiro, o foco foi a importância da rotulagem, cujos aspectos gerais foram apresentados na palestra de abertura, ministrada pela Bacharel em Ciências dos Alimentos Pamela Rossi, diretora da Alimentar Consultoria e integrante da Comissão de Alimentos e Bebidas do CRQ-IV. Para ela, a rotulagem é o meio pelo qual os produtores e os consumidores estabelecem uma comunicação. "Para o produtor, o rótulo integra a estratégia de marketing, enquanto que, para o consumidor, é a principal fonte de informação sobre o alimento", comparou.
Pamela destacou a dimensão do conjunto de legislações que devem ser obedecidas no Brasil para a elaboração dos rótulos, envolvendo órgãos como os ministérios da Saúde (por meio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa) e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, além do Inmetro. Em relação aos alimentos exportados, lembrou a obrigatória atenção às regulamentações do país de destino dos produtos alimentícios.
Mariana Garcia, do Idec
O trabalho de fiscalização dos alimentos, que inclui tanto ações coordenadas quanto não programadas, foi o assunto da segunda apresentação, conduzida pela Bacharel em Química Deise Pinatti Marsiglia, do Instituto Adolfo Lutz (IAL). O monitoramento da qualidade sanitária dos alimentos e a detecção de irregularidades nos produtos e nos estabelecimentos de fabricação e comercialização estão entre as prioridades da atuação dos órgãos de controle, que por sua vez enviam demandas por análises a laboratórios de saúde pública (como é o caso do IAL) para a comprovação de não conformidades encontradas por fiscais sanitários.
O primeiro bloco teve ainda a Nutricionista Mariana Tarricone Garcia, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), que falou sobre a importância da rotulagem para a saúde pública sob o ponto de vista de quem consome os alimentos. A estratégia de indústrias alimentícias que utiliza a rotulagem como forma de transmitir informações nutricionais complementares, conhecida como "marketing nutricional", foi um dos principais pontos de sua palestra. Segundo Mariana, trata-se de um instrumento que serve a dois propósitos: educação alimentar e promoção da saúde das pessoas.
O encerramento da primeira parte do simpósio reuniu as três palestrantes em uma mesa-redonda, mediada pela Cientista dos Alimentos Letícia Corassa Neves, da Comissão de Alimentos e Bebidas do CRQ-IV.
Segundo bloco - Dedicada à segurança alimentar, a segunda parte do evento foi aberta pela palestra "Principais irregularidades na rotulagem de alimentos", ministrada pela Nutricionista Erica Fumagali Damaso, fiscal da Coordenação de Vigilância em Saúde (Covisa), vinculada à Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo. Foram citados exemplos de não conformidades frequentemente encontradas no trabalho de fiscalização efetuado pela Covisa, como na venda, quando não há a devida correspondência entre o que anuncia o rótulo e do que se trata o produto de fato; nas imagens ilustrativas, quando estas divergem de ingredientes da composição; e eventuais alegações que atribuem propriedades não comprováveis aos alimentos.
A Bióloga Mara Rubia Camolesi, que atua como Gerente de Laboratório na SGS do Brasil, empresa especializada em inspeções, testes e certificações sediada em Barueri, dedicou sua apresentação aos transgênicos, organismos que contêm um ou mais genes transferidos artificialmente de outra espécie por meio de técnicas de Engenharia Genética aplicadas em laboratório. Por isso, também são chamados de Organismos Geneticamente Modificados (OGMs). Mara explicou que, no Brasil (segundo maior produtor mundial de alimentos transgênicos, atrás somente dos EUA), a aprovação dos OGMs é responsabilidade da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). O país se notabiliza mundialmente pela produção de soja, milho e algodão geneticamente modificados.
Alan: interesse em pesquisa
A última palestra do simpósio abordou a rotulagem de produtos alergênicos (com alérgenos, substâncias que podem provocar reações alérgicas do organismo). A diretora executiva da consultoria Food Design, Ellen Lopes, alertou para a obrigatoriedade de se informar, nos rótulos de produtos, a existência na composição de substâncias que podem causar alergia. Ovos, peixes, amendoins e castanhas, entre outros alimentos, são considerados alergênicos. "Mesmo quando não é possível garantir a ausência de contaminação cruzada dos alimentos por alérgenos, o rótulo deve informar que o produto pode contê-los", salientou Ellen.
Assim como no primeiro bloco, foi promovida uma mesa-redonda com as palestrantes do período da tarde, que encerrou a programação.
Complemento - O estudante Alan de Jesus Lima, do curso de Tecnologia em Alimentos do Senai "Horácio Augusto da Silveira", da Capital, elogiou o conteúdo das apresentações do simpósio por complementar conhecimentos que adquiriu na escola. "Trabalho com pesquisa e desenvolvimento de produtos na área de panificação. O interessante é que as palestras foram além da rotulagem falando, por exemplo, de produtos alergênicos, os quais pretendo utilizar como objetos de uma pesquisa", afirmou. O foco desse trabalho serão produtos sem glúten.
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