Você algum dia imaginou que o primeiro e mais simples dos elementos químicos pode vir a se tornar a principal fonte de energia limpa do futuro? Pois é, enquanto seu carro estiver rodando, energia elétrica estará sendo produzida a partir de uma reação química entre o hidrogênio e o oxigênio. E o que é melhor, gerando apenas água como produto e com uma eficiência três vezes maior do que a gasolina.
Pena que em nosso planeta ele esteja presente em concentrações mínimas (< 1 ppm), embora seja o elemento mais abundante no Universo. Portanto, temos aqui na Terra que produzir hidrogênio e o principal método é o termoquímico, usando vapor de água e carvão, gás natural ou nafta como matéria-prima.
Infelizmente esse método usa matéria-prima não renovável e requer gasto apreciável de energia, mas a alternativa viável e limpa, que seria a partir da eletrólise da água, usa eletricidade que, além de cara, muitas vezes é gerada a partir de combustíveis fósseis. Trabalhos de pesquisa estão sendo realizados ao redor do mundo para conseguir produzir hidrogênio usando energia solar ou eólica, por exemplo, o que tornaria o processo de obtenção do H2 sustentável.
E uma vez produzido, a grande parte do hidrogênio é utilizada na indústria química para a fabricação de importantes compostos químicos como a amônia, ácido clorídrico, ácido nítrico e metanol.
O hidrogênio é também muito usado na hidrogenação de óleos vegetais para produção de margarina, embora reações paralelas de isomerização das cadeias insaturadas levem inevitavelmente à formação da temida gordura trans, que aumenta nossos níveis de colesterol ruim (LDL) e diminuem nosso colesterol bom (HDL).
No que diz respeito à descoberta desse elemento, embora o alquimista Paracelsus e o químico Robert Boyle já tivessem observado anteriormente a formação de hidrogênio a partir de reações entre o ácido sulfúrico e ferro metálico, os créditos de sua descoberta foram dados ao químico e físico britânico Henry Cavendish, em 1766, que isolou o elemento e mostrou que era diferente de outros gases.
Um pouco mais tarde, Cavendish também demonstrou que quando o hidrogênio queimava, formava água, desmistificando, portanto, a ideia vigente na época que a água era um elemento. Por essa razão, em 1781, Antoine Lavoisier chamou o novo elemento de “hidrogênio” – do grego hidro e genes, formador de água.
De fato, o hidrogênio surge na Terra quase sempre combinado com outros elementos, estando, portanto, presente na água dos oceanos, nos materiais fósseis (petróleo, gás natural, carvão) e nas biomoléculas tão essenciais à vida, como proteínas, carboidratos, lipídeos e o próprio DNA.
Agora que você já conhece um pouco melhor esse elemento tão fantástico, recordemos um trecho escrito pelo brilhante escritor Júlio Verne: “...creio que (...) um dia (...) o hidrogênio e o oxigênio, utilizados isoladamente ou em simultâneo, vão constituir uma fonte de calor e luz inesgotável, de uma intensidade de que o carvão não é capaz...” (A Ilha Misteriosa, 1874).
*Docente do Instituto de Química da Unesp.
Referências
Chemistry of Elements, N. N. Greenwood e A. Earnshaw, Butterworth-Heinemann Ltd., Cambridge, 1995.
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