Workshop debateu a sustentabilidade na indústria alimentícia
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Professora e pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande, Vilária Martins falou sobre embalagens biodegradáveis
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Encontro realizado na última terça-feira, 22, pelo CRQ-IV e Alimentar Consultoria discutiu como alcançar sustentabilidade sem impactar na segurança de alimentos. On-line, o workshop contou com o apoio do Sindicato dos Químicos, Químicos Industriais e Engenheiros Químicos do Estado de São Paulo (Sinquisp) e das empresas Higex, Vappore, Eureciclo e Jaguacy, que compartilharam suas experiências e boas práticas em sustentabilidade.
Vilásia Martins, professora e pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande, do Rio Grande do Sul, deu início às palestras falando sobre as embalagens biodegradáveis. Segundo ela, a poluição por embalagens ao longo dos anos acompanhou o aumento populacional e as mudanças nos hábitos de consumo. De acordo com dados apresentados pela palestrante, são produzidos por ano 300 milhões de toneladas de resíduos plásticos e apenas 9% é reciclado.
Ela explicou que as embalagens sustentáveis são aquelas produzidas com materiais renováveis e que causam o mínimo de agressão possível ao meio ambiente. Isso pode ser alcançado de três formas: os materiais usados na confecção são biodegradáveis, ou seja, se decompõem naturalmente; as embalagens são feitas a partir de matéria-prima renovável; ou os compostos usados são totalmente passíveis de reciclagem.
Noeli Fenski, representante comercial da Higex, indústria de produtos de limpeza e higiene, apresentou alguns produtos adequados ao processo de higienização de indústrias de alimentos, ressaltando a possibilidade da limpeza e desinfecção à seco, processo mais ágil e sem residual químico. Noeli apresentou ainda algumas práticas sustentáveis adotadas pela Higiex e destacou a preocupação com o tratamento dos resíduos sólidos e líquidos, uso consciente da água, uso de materiais e ingredientes sustentáveis, seleção de fornecedores que adotam práticas sustentáveis, entre outros.
A logística reversa também foi destaque no encontro. O tema foi abordado por Thiago Brasil, coordenador de novos negócios da Eureciclo, projeto que auxilia empresas no cumprimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que estabelece que empresas de qualquer porte e segmento que fabriquem produtos destinados ao consumidor final estão obrigadas a recolher os resíduos gerados após o consumo.
A inciativa engloba uma tecnologia de rastreamento de embalagens e conta com o apoio de cooperativas e recicladores parceiros. "A Eureciclo está atuando com todos esses agentes, rastreando os resíduos a partir da leitura das notas fiscais de venda do operador de triagem para o reciclador, comprovando que esse material foi de fato reciclado e garantindo que as empresas estão cumprindo com a legislação", disse.
Segundo ele, a empresa já atendeu a mais de 6700 clientes e ajudou a compensar cerca de 660 mil toneladas de resíduos. Na prática, a compensação ambiental acontece quando uma embalagem de mesma natureza daquela colocada no mercado foi reciclada.
A Eureciclo e o CRQ-IV firmaram, em 2021, um convênio que proporciona às empresas registradas na entidade um desconto na consultoria de logística reversa. Clique aqui para mais detalhes.
Paulo Nogueira, diretor de desenvolvimento de produto da Vappore, falou sobre os processos de limpeza com redução de água. A empresa desenvolve soluções para higienização com zero impacto ambiental e emprega uma técnica de higienização a vapor com temperatura suficiente para promover a inativação de uma série de patógenos.
Para exemplificar a iniciativa, Nogueira apresentou o case da Panco. Com a implementação da tecnologia Vappore, a indústria foi capaz de reduzir 90% do consumo de água nos processos de higienização e 80% do tempo de parada para limpeza, gerando menos impacto no processo produtivo.
Para finalizar o encontro e inspirar a adoção de boas práticas, dois clientes da Alimentar Consultoria foram convidados a apresentar iniciativas sustentáveis implementadas em suas empresas.
Beatriz Silva, responsável pelo Departamento de Qualidade da Jaguacy, empresa localizada em Bauru e que há mais de meio século produz e comercializa avocado – uma fruta semelhante ao abacate – e produtos derivados. Beatriz falou sobre o projeto “Sem Papel”, que busca reduzir a quantidade de impressões e o uso do papel. Entre as estratégias adotadas, a Jaguacy passou a fazer o recrutamento e seleção de pessoal por meio de uma plataforma digital, evitando a impressão de currículos e outros documentos; contratos de trabalho e marcação de ponto tornaram-se eletrônicos; e foi feita a automatização no controle de processos de qualidade, com o desenvolvimento de um aplicativo. De março a outubro de 2022, a utilização de papel na empresa passou de 13708 para 3047 folhas de sulfite.
Na sequência, o Técnico em Segurança do Trabalho e Meio Ambiente William Monteiro falou sobre os projetos implementados na Eurogerm, empresa que produz ingredientes para panificadoras. A adoção de copos de inox para funcionários, ponto para descarte adequado de pilhas e redução da gramatura dos sacos plásticos que embalam os produtos da empresa foram algumas das ações mencionadas. Para 2023 a empresa pretende fazer a captação da água de chuva para reutilização e adotar painéis de energia solar.
O encontro foi mediado pela Cientista de Alimentos Pamela Rossi, membro da Comissão Técnica de Alimentos e Bebidas do CRQ-IV. A íntegra do evento está disponível no canal do Conselho no YouTube.
Publicado em 23/11/2022
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