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Nov/Dez 2021 

 


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Prêmio da academia vai para estudo que criou catalisador mais seguro


Princeton University

Benjamin List e David MacMillan venceram o Prêmio Nobel de Química de 2021 e dividirão o equivalente a R$ 6,1 milhões

 

A Real Academia Sueca de Ciências anunciou no dia 6 de outubro que o Prêmio Nobel de Química deste ano foi conferido ao alemão Benjamin List, do Instituto Max-Planck (Alemanha), e ao britânico David WC MacMillan, da Universidade de Princeton (EUA). Eles foram laureados por estudos que possibilitaram a criação da chamada “organocatálise assimétrica”, um novo método para a construção de moléculas. O trabalho, segundo a Academia, teve um grande impacto na pesquisa farmacêutica e tornou a química mais verde.

Conforme o comunicado distribuído pelos organizadores do Nobel, muitas áreas de pesquisa e indústrias depende da capacidade dos químicos de construir moléculas que podem formar materiais elásticos e duráveis, armazenar energia em baterias ou inibir a progressão de doenças. Este trabalho requer catalisadores, que são substâncias que controlam e aceleram reações químicas, sem fazer parte do produto final. Por exemplo, os catalisadores em carros transformam substâncias tóxicas em gases de escapamento em moléculas inofensivas. Nossos corpos também contêm milhares de catalisadores na forma de enzimas, que produzem as moléculas necessárias para a vida.

Até as descobertas dos ganhadores do Nobel, os pesquisadores acreditavam que existiam apenas dois tipos de catalisadores: os metais e as enzimas. No ano de 2000, List e MacMillan, em trabalhos independentes, desenvolveram um terceiro tipo de catálise, que se utiliza de moléculas orgânicas.

Segundo disse o professor Fernando Coelho ao Jornal da Unicamp, as substâncias usadas como catalisadores têm, em geral, um metal em sua base. Quando aplicadas nos processos em que as reações dão origem a fármacos e outros produtos destinados ao consumo, é preciso garantir que o produto não seja contaminado pelo metal. O uso de moléculas orgânicas como catalisadores elimina esse problema.

Os catalisadores orgânicos têm uma estrutura estável de átomos de carbono, aos quais mais grupos químicos ativos podem se anexar. Estes geralmente contêm elementos comuns como oxigênio, nitrogênio, enxofre ou fósforo. Isso significa que esses catalisadores são ecologicamente corretos e baratos de produzir.

A organocatálise se desenvolveu a uma velocidade surpreendente desde a sua criação. List e MacMillan permaneceram líderes nesse campo e demonstraram que catalisadores orgânicos podem ser usados para impulsionar inúmeras reações químicas. Usando essas reações, os pesquisadores agora podem construir de forma mais eficiente qualquer composto, desde produtos farmacêuticos até moléculas que podem capturar luz em células solares. Tais características, segundo a Academia, proporcionaram grandes benefícios para a humanidade.

Benjamin List nasceu em 1968 em Frankfurt, na Alemanha. Obteve o doutorado em 1997 na Universidade Goethe, também em Frankfurt. Atualmente, é diretor e pesquisador do Instituto Max-Planck para Pesquisa com Carvão, em Mülheim an der Ruhr, em seu país.

Nascido em 1968 em Bellshill, na Escócia, David MacMillan migrou para os Estados Unidos, onde, em 1996, concluiu seu doutorado na Universidade da Califórnia. Atualmente, é pesquisador da Universidade de Princeton, naquele país.

Esta foi a segunda vez este ano que um pesquisador de Princeton conquistou um Nobel. No dia 5 de outubro, Syukuro Manabe foi anunciado como um dos ganhadores do Nobel de Física.

Os vencedores do Prêmio Nobel recebem, além reconhecimento acadêmico mundial, a importância de 10 milhões de coroas suecas, que equivalem a R$ 6,1 milhões. O valor é dividido quando são escolhidos dois ou mais pesquisadores para a mesma categoria. A previsão era de que a cerimônia de premiação, que reunirá todos os ganhadores deste ano, ocorresse em10 de dezembro, em Oslo, Suécia.

 

List faz estudos em colaboração com a Unicamp

 

Desde 2015, o Laboratório de Síntese de Produtos Naturais e Fármacos (LSPNF) do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (IQUnicamp), coordenado pelo professor Fernando Coelho, mantêm vínculo de colaboração científica com o vencedor do Nobel Benjamin List.

A parceria resultou na criação de uma metodologia de adição catalítica de uma classe de substâncias denominadas indolizinas a cetonas insaturadas que, em estudos posteriores, permitiu a síntese de moléculas que são inibidoras da proteína tubulina, com potencial antitumoral.

Além das vindas de List ao Brasil, parte desta colaboração foi desenvolvida durante a estadia na Alemanha do então doutorando do IQ, José Tiago Menezes Correia, que atuou ao lado do ganhador do Nobel no Instituto Max-Planck. O trabalho desenvolvido tornou-se um capítulo da sua tese de doutorado, intitulada “Estratégias organocatalíticas diastereo e enantiosseletivas para a síntese e funcionalização de N-heterociclos”, defendida em julho de 2017.

A parceria entre o LSPNF e Benjamin List resultou ainda no artigo “Catalytic Asymmetric Conjugate Addition of Indolizines to alfa,beta-Unsaturated Ketones”, assinado conjuntamente por Correia, Coelho e List e publicado no periódico Angewandte Chemie International Edition.

O contato inicial de List com a Unicamp se deu em 2009, quando ele participou de um workshop promovido pelo Departamento de Química Orgânica da Instituição (foto).

 


 

Com informações da Unicamp





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